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historicidade das publicações

sábado, 24 de junho de 2023

Considerações ilegíveis ou a lógica da singularidade*

Em um lugar itinerante, a realidade_ficção, de vocabulário desconhecido, transita numa interpretação a transgredir limites. Suas andanças apreciam a retórica das incompletudes. Nessa fonte de saber incomum, um percurso eremita revela cenários de novidade.

Uma instável harmonia acontece na aproximação com a estética dos anúncios, com suas considerações ilegíveis, não fora a percepção fugidia de um talvez. Quanto ao discurso dessas irregularidades criativas, as múltiplas versões apreciam o exílio na palavra sem nome. Sugerem colagens ao roteirista de ficção, oferecendo internações na liberdade das ruas.

Essa verdade de caráter difuso também pode se encontrar na razão desmerecida; seu viés de caricatura a perseguir horizontes por vir. Na perspectiva caótica das crises há a busca pelas origens; a tradução e relação com esse devir meteórico reivindica uma abordagem de terapia aprendiz, pois a verdade desconsiderada por ficar visível por brevíssimos instantes.

Não seria pouca coisa se alimentassem o cotidiano com seu devaneio, com as peripécias de andar sobre as águas, de ultrapassar muros e levitar sobre as cidades. Achados na alquimia da raridade precursora, em que um agora inesperado esparrama vestígios de algo mais.

Seu caráter de barquinho solitário em águas desconhecidas é visionário, inventa territórios, linguagens, divulga absurdidades ao redor. Ao mencionar coisas sem sentido, se debate em tratativas com línguas estranhas para si mesmo.

Uma aproximação com a lógica desses contextos aprecia uma terra de ninguém, onde alguém se aventura navegar. A vastidão dessa região inexplorada, virgem e sem fronteiras, reverencia a magia dos desassossegos a desalojar certezas e a profetizar signos. Sua aptidão criativa desconstrói cercas, reinventa aquilo que se tinha como definitivo. Em meio à tempestade, seu viés de retórica mal formulada divulga sensações de terra à vista.

Na pessoa fora de si, o deslumbramento precursor antevê reflexos estranhos diante do espelho. A esse apreciador de atitudes ensimesmadas, em que a natureza exercita seus códigos sagrados, a mensagem desconhecida aparecer suspeita. Seu dialeto reinventa discursos e se faz ameaça ao mundo conhecido.

Um fenômeno deste tipo aprecia brincar na desconstrução das convicções. Sua feição de aspecto improvável indica uma arquitetura_esconderijo a proteger raridades. Seus rituais preferem o êxtase fugaz para denunciar suas origens.

Na pessoa assim estruturada é comum a sensação protagonista em uma história que não lhe pertence. Esboço de um íntimo labirinto aos enfrentamentos entre o antigo e o novo eu. Sendo algo nunca visto, esses eventos permitiriam múltiplos pretextos, não fora a originalidade da autoria.

Nuance de epistemologia marginal a se desdobrar em um refúgio subjetivo. Lugar onde o sujeito rascunha seus inéditos sobre zonas inesperadas, afastadas da percepção usual. O convívio com essas fontes da singularidade reinventa o papel existencial do filósofo clínico.

Os manuscritos exilados na estrutura do olhar podem servir para decifrar a transição pessoa_não_pessoa_pessoa.Os jogos de linguagem assim dispostos costumam ser a medicação refugiada na própria crise, uma vivência contraditória e ainda sem noção de suas buscas.

As tempestades apreciam encontrar esse estrangeiro na própria casa. Um endereço provisório a insinuar reconstruções. A reescrita desses eventos desconhecidos oferece ensaios de múltiplos propósitos; associa realidades extraordinárias numa estética de transbordamento; parece querer encontrar um filósofo clínico para uma tradução compartilhada do seu dicionário de absurdidades.

*Hélio Strassburger in “Filosofia Clínica – Anotações e reflexões de um consultório”. Ed. Sulina/Porto Alegre/RS. 2021.   

**Instagram: @helio_strassburger   

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