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historicidade das publicações

quarta-feira, 5 de julho de 2023

A palavra ressonância*

 

Escrever sobre os desdobramentos de um encontro clínico reivindica, inicialmente, um estado de redução fenomenológica. Trata-se de visualizar, descrever eventos numa matriz compartilhada, por onde acessos inesperados se apresentam.

As poéticas da terapia esboçam seus inéditos numa interseção bem-sucedida. Enredos inimagináveis, não fosse a alquimia da atuação subjuntiva, a qual, iniciada na hora-sessão, multiplica-se no cotidiano por vir. Dos múltiplos aspectos sobre seu alcance, destaca-se a alteração dos pontos de vista. Reinvenção dos roteiros pessoais ampliados pela introspecção do instante de construção compartilhada.

A cooperação da categoria tempo e lugar, aprecia multiplicar esses momentos irrepetíveis. Ao acolher compreensivamente o que ressoa, é possível modificar representações, redescobrir-se em meio ao ir e vir das novas conexões,

Os movimentos assim mencionados possuem um silencio impregnado de originais. Num presente que se amplia, outros percursos se realizam na estrutura labirinto. Na companhia de uma solidão compartilhada, esses ecos da terapia integram sentimentos, ideias, sensações. Sua expressividade atua para se redefinir. Aqui existe um território ampliado pela transcendência.

Esses conteúdos do encontro expandido continuam atuando no cotidiano da pessoa. Os agendamentos do filósofo, ao encontrar acolhimento na perspectiva partilhante, interagem em desdobramentos a perder de vista. Assim rememora, desconserta, reelabora, significa algo mais até então desconhecido, busca um procedimento singular para viabilizar essa via de acesso, por onde a intencionalidade prossegue sua atividade cuidadora.

Ao estender-se desse jeito, essa relação atualiza rumores de esboço compartilhado. Com ela é possível recompor buscas, desconstruir certezas, emancipar tópicos marginalizados. Esse norte, sul, leste, oeste, utilizando uma matéria-prima muito íntima, acrescenta algo mais ao mundo conhecido.  

A palavra terapia é a brisa leve, acolhedora, cúmplice das transgressões aos outros do mesmo. Ao vislumbrar esses instantes, reivindica-se um acordo de vontades, um território para acolher, compreender a natureza e o alcance dessas repercussões.

*Hélio Strassburger in “A palavra fora de si – Anotações de Filosofia Clínica e Linguagem”. Ed. Multifoco/RJ. 2017.  

*Instagram: @helio_strassburger

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