Essa edição da revista está tão ou mais saborosa que a anterior, possivelmente por agregar novos temperos. Sua essência se descreve ao oferecer textos breves de colegas de várias escolas da Filosofia Clínica. Ao destacar a singularidade como forma de expressão, evidencia sua matriz metodológica, tendo como referência a pesquisa e as práticas de consultório, sem perder de vista o modelo libertário de onde se originou.
A proposta do Conselho Editorial
é compartilhar um material de qualidade para consulta aos estudiosos e demais
interessados na nova abordagem terapêutica. Na mesma direção, destacar a juventude
e o frescor da escrita da Filosofia Clínica, a qual se encontra em pleno
desenvolvimento bibliográfico.
É importante lembrar de que
qualificar e aperfeiçoar o novo método não significa agregar distorções,
penduricalhos, desinformação. Thomaz Kuhn ajuda a compreender a natureza dos
novos paradigmas, os quais surgem como contradição ou anomalia a ciência normal
(institucional).
A universidade é um exemplo dessas
instituições, programadas para sua manutenção e cristalização, mantendo o
controle da produção acadêmica através dos seus comentadores especializados
(mestres, doutores, pós-doutores), reféns das lógicas e rituais de departamento,
do contracheque, bolsas de pesquisa. Sua prática atua para solucionar as problemáticas
reconhecidas. Com isso, os desvios, afrontas e crises ao paradigma da normalidade
costumam ser insuportáveis.
As desavenças e rupturas em seu
cotidiano de pesquisa são inadmissíveis, oferecendo resistência e forte
oposição às novidades que venham a constituir ameaça ao status quo. Por outro
lado, basta as novas ideias demonstrarem eficácia e possibilidade de lucro,
para serem cooptadas e ressignificarem-se em ciência normal. Nesse sentido, a
revista se propõe a ser um testemunho de nosso tempo. Uma busca para realizar
com a palavra escrita, na brevidade de um texto, o encontro do autor com sua
leitura.
Ao seguir as estações do ano,
essa publicação sugere a alternância, o movimento, como condição da própria vida.
Em outras palavras, se destaca a atenção filosófica (crítica e reflexiva) sobre
as tentativas de distorção da Filosofia Clínica como novo paradigma. Os
escritos que compõem esta publicação, têm como finalidade, tornar acessível e
divulgar a produção da nova abordagem, sugerindo opções existenciais em meio a vertigem
da inovação tecnológica, nem sempre em benefício do fenômeno humano.
*Hélio Strassburger in “Editorial
da revista da Casa da Filosofia Clínica”. Edição de inverno/2022.
**Instagram: @helio_strassburger
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