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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Filosofia Clínica Agridoce 8*

 

Um certo ar de indiferença e uma invisibilidade social/institucional, tem oferecido um campo de trabalho significativo, ao novo paradigma da Filosofia Clínica. Não me refiro a interseção clínica com os partilhantes, nas milhares de horas-sessão de atenção e cuidado com o fenômeno da singularidade. Um reconhecimento incabível e intraduzível, se distante dos endereços onde acontecem. 

O viés da nova abordagem terapêutica, ao encontrar subsídios na Filosofia, se traduz numa qualidade de acolhimento, até então desconhecida pelos protocolos da medicina do corpo. Os exames categoriais buscam encontrar a singularidade lá onde se localiza existencialmente. A estrutura de pensamento é única e possui rituais subjetivos para viabilizar seu devir, longe dos consensos, aconselhamentos, orientações pré-estabelecidas.

As críticas que temos recebido de algumas instituições que se sentem ameaçadas, são homenagens ao nosso trabalho e contribuem para orientar nossas atividades. Pelas quais somos gratos. 

Fernando Pessoas indica: “(...) ninguém pode esperar ser compreendido antes que os outros aprendam a língua em que fala.” (Alguma Prosa, 1990. Pág. 74).

As repercussões do novo, junto aos contemporâneos, reivindicam uma espécie diferenciada de sujeito (para ser filósofo clínico). Este terá de, além de aprender a nova linguagem, conviver com: incompreensões, ressentimentos, isolamentos, ameaças. Ainda mais quando o paradigma recém-chegado, colocar por terra muitos edifícios reconhecidos.

Em um país (América Latina – A pátria grande – Darcy Ribeiro) de tendências coloniais, como se fazer entender, uma vez que a mídia e a maioria dos integrantes das cátedras acadêmicas, literárias, cinematográficas... se acham acorrentados no fundo da Caverna de Platão?  

Fernando Pessoas ensina: “Como pode uma época compreender ou apreciar aquilo que, por definição, a supera? (Alguma Prosa, 1990. Pág. 105).

Num tempo sem tempo, na vertigem da lógica tik-tok, da vida descartável, dos desatinos dos senhores da guerra e do lucro a qualquer preço, como enxergar a diferença, quando o próprio fenômeno humano se propõe a renúncia de sua condição?

Nesse sentido, contraditória a essas retóricas do cotidiano, a Filosofia Clínica prossegue cuidando da vida e das pessoas (que a encontram). Cabe um agradecimento aos métodos e instituições que contribuem com nossa agenda há quase 30 anos.

Aquele abraço,

*hs

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