Em Filosofia Clínica, uma das dificuldades em compartilhar adequadamente os eventos da hora-sessão, reside no fato de que a conjugação de aspectos como: o papel existencial, a expressividade, a qualidade da interseção e as possibilidades de construção compartilhada, costumam reivindicar atitudes de acordo com as dialéticas do instante.
Thomas Kuhn, em sua obra: “A
Estrutura das Revoluções Científicas”, ed. 2013, pág. 117, em nota de rodapé,
indica: ‘Michel Polanyi desenvolveu brilhantemente um tema (...) argumentando
que muito do sucesso do cientista depende do “conhecimento tácito”, isto é, do
conhecimento adquirido através da prática e que não pode ser articulado
explicitamente’.
Lembro de um tempo em que ficava
intrigado e desconfiado até, das retóricas bem ajustadas e bem-falantes de
alguns profissionais da área Psi, quando falavam sobre sua atividade clínica,
demonstrando uma espécie de controle – na verdade inexistente – que costuma
agradar muita gente, despreparada para identificar seu jogo de cena.
Esses malabarismos verbais,
passam longe de traduzir os eventos da hora-sessão. Talvez por isso, alguns
profissionais dessa área, depois de alguns anos de trabalho em consultório,
sintam a necessidade de deixar de lado, muitas das definições da teoria, que
lhe foram alcançadas, quando de sua deformação acadêmica.
O modelo de clínica da Filosofia
Clínica - longe de ser a resposta para todas as coisas -, no entanto, oferece
subsídios metodológicos de ajuste permanente da atividade do filósofo clínico,
o qual pode realizar atualizações de acordo com o padrão autogênico necessário
aos atendimentos com base na singularidade. Seu ponto de apoio será a própria
estrutura teórico-prática da abordagem, a qual pressupõe em sua mensagem, as
transformações que terá de oferecer, quando os fenômenos de consultório
deixarem de ser a letra morta dos artigos, crônicas e definições bem ajustadas
da teoria escolar.
Uma das contradições que raros
suportam nessa profissão, é a distância que pode surgir, quando, nas dinâmicas
de consultório, aparecem fatos de aspecto absurdo ou improvável, reivindicando
ao filósofo clínico, um borogodó que não lhes é possível ensinar nos
bancos escolares.
Aquele abraço,
*hs
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