Quem sou eu

Minha foto
Porto Alegre, RS, Brazil
Você está no espaço Descrituras. Aqui encontrará alguns textos publicados, inéditos e outros esboços de minha autoria. Tratam-se de manuscritos para estudo e pesquisa. Desejo boas leituras.

historicidade das publicações

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Filosofia Clínica Agridoce 5*

                                       Sobre a arte de ser invisível 

Por volta de 1999, na capital gaúcha, a Filosofia Clínica despontava como novidade, tanto no campo teórico como na atividade prática. O incômodo que causou - e ainda causa - aparecia na forma de ataques de alguns próceres - que se achavam donos? - do discurso filosófico acadêmico.

Aqui no Sul, acontecia algo semelhante ao que proibiu (anos 1980) Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir palestrarem na capital gaúcha, quando de sua estada no Brasil. Outro caso, que ficou célebre do escracho da intelectualidade escolar, foi a censura e o exílio (anos 1970/1980) de outro grande pensador: Gerd Bornheim, por manifestar um viés excessivamente (?) filosófico e libertário com suas ideias. Assim, esse mesmo território produz (anos 1990) a Filosofia Clínica, com uma mensagem singular, revolucionária, questionadora das crenças e verdades até então hegemônicas.  

Nesse tempo, ocorriam debates, críticas maldosas, ameaças, a maioria por pessoas que não sabiam o que falavam, apenas liam: “Filosofia Clínica” e passavam a discorrer sobre o tema, despreocupados em saber mais e melhor. Revelando uma postura não-filosófica em relação ao novo paradigma.  

Depois de algum tempo - tentando esclarecer, divulgar, orientar - sugeri ao nosso grupo de trabalho, que fôssemos cuidar dos atendimentos, parcerias, desenvolvimento da nova abordagem - para incômodo ainda maior de alguns - já era um projeto nacional -.

Nessa época, lembro com carinho e gratidão, o fato de que, levado por um amigo, conheci a vila Alto Erechim (Morro Teresópolis), no extremo sul da capital gaúcha, onde comecei a trabalhar como filósofo clínico. Com esse evento aprendi as vantagens de ser invisível.

Por cerca de 04 anos conheci pessoas e realidades incríveis, dessas que você pensa existir somente nos filmes de ficção. Com eles desenvolvemos um espectro de construções compartilhadas de longo alcance, sempre com o apoio indispensável das agentes comunitárias, que iam de barraco em barraco, oferecendo os atendimentos do filósofo.

Numa sociedade cuja referência é a propaganda e a divulgação a qualquer preço de qualquer coisa ou pessoa, ser (quase) invisível pode ser pré-requisito para viabilizar sonhos, projetos, buscas existenciais. Distante do barulho das unanimidades e de um certo espírito de rebanho. E aí já se vão mais de 35.000 horas-sessão...    

Aquele abraço,

*hs

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.