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sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Filosofia Clínica Agridoce 3*

Outro dia conheci um autor, desses - raros - que não fazem questão de notoriedade ou visibilidade, a não ser nas páginas de seus livros, onde oferece pistas sobre a pluralidade de eventos que o levaram a ser escritor.

Trata-se de Alberto Manguel, livreiro em Buenos Aires no tempo em que Jorge Luis Borges percorria as ruas da metrópole Argentina - em suas idas e vindas da Biblioteca Nacional - à procura de matéria-prima para sustentar seu vício predileto: a leitura. Nessas visitas e revisitas Borges encontra, na livraria onde Manguel trabalha, um amigo e um cúmplice da boa leitura. Este não poderia imaginar o que viria depois.

A relação se aprofunda e Manguel passa a frequentar a casa de Borges com regularidade. Trocam ideias sobre livros, autores, crítica literária, novidades no campo editorial. Depois disso, o jovem livreiro passa a cumprir um novo papel existencial para o amigo: agora como leitor.

Nessa época Borges já tinha perdido quase toda a visão, que lhe impedia de exercitar sua paixão dominante: a leitura e a escrita, para compor uma armadilha conceitual quase perfeita, ou seja, a retroalimentação de leitura-escrita-leitura, reféns da sua frequência - sem pressa - as bibliotecas.

Nesse convívio - com múltiplos agendamentos - onde o autor de “Ficções” desempenha um papel existencial íntimo de sua expressividade, se destaca a atividade de mentor para seu jovem amigo livreiro. Talvez Manguel, sem se dar conta na época, além de qualificar sua leitura, também ia desenvolvendo - pela via da interseção - uma série de competências para sua escrita. 

Hoje, radicado no interior da França, Manguel deixa vestígios de suas origens em sua obra, um desses lugares de onde retira a matéria-prima para sua habilidade e talento como escritor, possível homenagem ao velho professor de leitura e escritura: Jorge Luis Borges.

Aquele abraço, 

*hs

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