O que você vê quando olha?
Para acessar uma representação de
mundo (Schopenhauer), não se trata de concordar ou discordar, aderir ou não
aderir, odiar ou se apaixonar, mas aprender a conviver com as lógicas da
diferença. Se você tem a curiosidade das pessoas inteligentes, poderá gostar de
exercitar suas habilidades em comum acordo ou desacordo com essas linhas.
Aqui não se trata de agradar,
desagradar, convencer, mas um convite para saber mais, conhecer alguns aspectos
da lógica das contradições, desenvolver os próprios argumentos e reflexões, pensar
diferente e isso não ser um crime. Ao conviver com outras formas de percepção
das coisas, é possível ampliar o ângulo de visão.
Transitar por fenômenos até então
desconsiderados, pode servir a um processo de autoconhecimento e descoberta de
novas facetas da realidade. Talvez uma das maiores dificuldades para se compreender
o conceito de singularidade, resida nos agendamentos históricos e
sua proposta de controle pela generalização e classificação do fenômeno humano.
A ilusão de se ter um controle
sobre a natureza humana, tem produzido uma busca incessante pela manutenção e
desenvolvimento das ciências humanas numa só direção (ideológica). Livros são
escritos, filmes produzidos, peças de teatro e seus roteiros, tem servido para
dizer o que e como pensar, como agir, o que comprar, no que acreditar, educando
o olhar para ver sempre o mesmo em todo lugar.
As tipologias - recheadas de
fundamento - ao buscar um padrão para a diferença, servem as ideologias do
consumo, transformando sujeito em objeto. Vale lembrar uma das definições psiquiátricas
para se ter uma pessoa saudável: o fato dela ser ou não produtiva.
Um exemplo dos obstáculos para se
pensar a singularidade é o caso das comunidades LGBTQIA+, ou seja, mesmo quem
busca uma identidade, acaba reivindicando uma classificação para se ver
representado. Penso que, se tivéssemos uma sociedade não tipológica, as
pessoas poderiam ser reconhecidas pelo nome, sobrenome, e não pela cor da pele,
raça, orientação sexual, gênero, religião, política... Quem sabe assim o
convívio dos princípios de verdade com a expressividade se tornasse acolhedor,
agradável, humano.
O tópico busca de nossos dias,
dentre outras coisas, sugere um encaminhamento veloz para a fabricação de humanoides.
Veja-se o caso do desenvolvimento tecnológico, o qual se assemelha a uma
Ferrari ou Lamborghini em relação a vida da maioria das pessoas e suas carroças da idade
média.
Ao mencionar essa realidade, talvez
a lógica das contradições, possa realizar o milagre de desconstruir os
prognósticos que se avizinham. Nesse sentido, esse texto estar equivocado pode
significar algo a mais, em meio a cegueira coletiva ao redor da fogueira.
Aquele abraço,
*hs