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Você está no espaço Descrituras. Aqui encontrará alguns textos publicados, inéditos e outros esboços de minha autoria. Tratam-se de manuscritos para estudo e pesquisa. Desejo boas leituras.

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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Filosofia Clínica Agridoce 16*

                           Quem ou o que descreve a sua história? 

Em seu texto ‘A casa dos loucos’ Michel Foucault ensina: “No fundo da prática científica existe um discurso que diz: ‘Nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que, no entanto, está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar.’” (Microfísica do poder, 1990. Pág. 113).  

Se pensarmos na realidade latino-americana, da qual fazemos parte, é possível cogitar sobre a cegueira existencial de nossos dias. Levados por um espírito de rebanho, frequenta-se, cada vez mais as redes sociais, igrejas, farmácias, festas rave, manicômios...  

O governo anterior do Brasil - sabendo o que estava fazendo - vetou disciplinas como: Filosofia, Sociologia, História e afins, dos currículos escolares. Um sistema de ensino capenga e refém de profissionais despreparados (veja-se a lógica EAD), multiplica o espírito de faz de conta. Por outro lado - em sua maioria periféricas - as famílias se multiplicam como “cucarachas” (Henfil - Diário de um cucaracha).

Veja-se o caso da universidade - instituição que poderia fazer a diferença -, a qual se encontra (em nosso país) submissa a camisa de força do MEC, professores reféns da lógica contracheque, homenagens ao sr. diretor, chefias de departamento, publicações indexadas (quase ninguém lê!).   

Uma questão: ‘O que acontece quando, apesar desse contexto, ainda assim, aparecem novos paradigmas, invenções, maestrias no mundo da ciência, nas belas artes, na música, no teatro...?’ O que tenho escutado: “A maioria encontra o caminho da estrada, alguns se refugiam nalgum lugar para proteger suas ideias, pesquisas, práticas, outros fazem outras coisas”. Penso eu: ‘Na multidão se vivencia uma solidão compartilhada’.

Nossos dias se assemelham a caverna de Platão (428 a.C.-347 a.C), onde as pessoas, amarradas umas às outras, viviam as imagens refletidas no fundo da caverna... Se alguém conseguisse reencontrar a vida lá fora, ao regressar seria encaminhado a ‘casa dos loucos’, onde seus delírios seriam normalizados pelo pajé alienista. Ainda assim, esses inéditos seguem imprimindo seus sinais por aí.    

Nesse sentido, uma perspectiva fenomenológica, de hermenêutica compreensiva, analítica, divulgadas em palestras e cursos, inovações, curas, ainda é experienciado por poucos. Talvez uma educação voltada para as descrições e acolhimento da singularidade pudesse anunciar melhorias. Lembrando que isso tudo já estava borrado quando chegamos por aqui. Agora nos resta ir até o fim, deixando algumas pistas do que conseguimos vislumbrar e compartilhar pelo caminho.

Aquele abraço,

*hs  

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