Não se ter uma posição é ter uma posição? Sim, a de cúmplice.
O filósofo alemão Karl Marx, em
seu texto “O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852)”, desenvolve a seguinte
reflexão: “a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda
como farsa”.
Os dias de hoje, como
pós-modernidade, reapresentam, na ordem do dia, o fenômeno do resgate de uma
forma de agir e se manter no poder a qualquer custo, utilizando os disfarces e
modelitos que a hipocrisia social assume como princípio de verdade.
Métodos como o do alemão Paul
Joseph Goebbels (1897-1945), na Alemanha nazista, que tinha sob sua rígida batuta:
o cinema, rádio, teatro e a imprensa. Sua estratégia de controle das
informações, do que pensar, como agir, o que valorizar, defender...
É de sua autoria a célebre frase:
“uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade”, muito
utilizada ainda hoje, levando-se em conta os detentores dos meios de
comunicação, ora sob controle de uma ou outra ideologia.
Penso nessa espécie de coisa,
enquanto se percebe (mesmo com informações filtradas pela tv, jornal, rádio,
mídias sociais) uma escalada vertiginosa para um conflito de grandes proporções
no planeta, já tão dilacerado pela ganância de alguns (sob múltiplos disfarces,
justificativas).
Veja-se o caso da Coréia do Norte
e seu ditador (disfarçado de líder) Kim Jong Um, o qual despeja - semanalmente -
no oceano, suas bombas e artifícios letais para uma estratégia de guerra. Seu
discurso visa iludir, manipular, controlar, através do que tiver ao seu
alcance.
Outro exemplo é o caso da Rússia
e seu eterno ditador, Vladimir Putin, em seus disfarces de democrata. O qual
trata de exterminar qualquer ameaça ao seu projeto czarista.
Ainda o genocídio palestino na
faixa de Gaza. O qual teve início com a invasão e os horrores patrocinados pelo
Hamas. A partir daí, o primeiro-ministro de Israel: Benjamin Netanyahu, declara
uma guerra sem tréguas ao povo palestino. O pretexto? Exterminar a ameaça do
Hamas ao povo judeu. Assim, parece estar justificada a premissa de uma autodefesa.
Momentos em que razão e desrazão plasmam uma diferenciada forma de barbárie.
Nesse sentido, é possível - com objetividade
- estabelecer uma semelhança com o massacre nazista ao povo judeu, conhecido
como “holocausto”. Esse fato, por si só, mereceria um estudo de parte de historiadores,
sociólogos, antropólogos, analistas, filósofos, pois a indicação de Marx se atualiza:
“a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como
farsa”.
A metodologia é diferente, pois hoje
existem recursos superiores com base na tecnologia. No entanto, as
justificativas são parecidas: autodefesa, exterminar uma ameaça à liberdade, defender
a supremacia de um povo em detrimento de outro.
Esses exemplos de nossos dias, refletem
a hegemonia da hipocrisia social, a qual é ensinada não somente pela grade
curricular de escolas, faculdades, igrejas, mas - com maior eficácia - pelo
dado não-verbal (comportamental) das famílias, professores, sacerdotes,
pastores, em seu exercício de saber-poder.
Se já não for tarde demais, para
se compreender melhor a condição humana, ora no fundo da caverna de Platão, vigiada,
manipulada, controlada pelas imagens da tv e outros mecanismos, pode ser
necessário uma releitura de obras como: “O Leviatã” de Thomas Hobbes (o
homem como o lobo do homem) e “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel. Bem
assim a “Teoria do agir comunicativo” de Jürgen Habermas (a construção de
vínculos sociais), o “Contrato social” de Jean-Jacques Rousseau.
Talvez, se houver amanhã, se descubra os
textos (originais) de Filosofia Clínica, como uma introdução ao fenômeno
da singularidade, e a possibilidade de uma convivência pacífica com a lógica
das diferenças, sem descartar a vida como ela é.
Aquele abraço,
*hs