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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Filosofia Clínica Agridoce 18*

 

                                         Sobre palavras ao vento

Outro dia li uma expressão - nas redes sociais - de uma ex-aluna da Filosofia Clínica. Profissional inteligente, sensível, talentosa. Ela escreveu: “(...) gosto dessas coisas. É óbvio que isso é assim pra mim!”.

É possível que algo seja óbvio a partir de uma cegueira da própria estrutura de pensamento, pois essa não consegue enxergar-se enquanto olha, possivelmente por se tratar do mesmo tópico utilizado para ver. Noutras palavras, poderíamos perguntar: para quem é óbvio o óbvio que se apresenta?

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer ajuda a entender essa espécie de coisa, ou seja, sendo o mundo vontade e representação, ao nos depararmos com algum fenômeno existencial, seja ele sensorial ou abstrato, por detrás de nossas lentes utilizadas para enxergar, existe um constructo intelectivo refém de suas próprias circunstâncias.

Assim é possível entender a expressão acima - de alguém graduada e pós-graduada - a partir de seu referencial epistemológico ofuscado por uma fala ensimesmada.

Por outro lado, na mesma direção, esse tímido exemplo, serve para traduzir as dificuldades de um novo paradigma, nos dias de seu nascimento e tentativas de compartilhar a novidade com os contemporâneos. Dentre as principais causas, se apresenta a intoxicação da geração atual com as abordagens reconhecidas, impregnadas de publicações, congressos, patrocínios, cursos acadêmicos... ciência normal!

Um dos pressupostos para quem se atreve a investir seus dias e noites em uma nova abordagem - como a Filosofia Clínica - é que terá de encontrar alguma alegria e realização, tendo por companhia o escracho, a crítica maldosa, o desmerecimento de quem - a qualquer preço - tenta manter sua zona de conforto metodológica, financeira (reserva de mercado).

Foi esse um dos motivos pelo qual deixei a formação, por não vislumbrar candidatos com borogodó para a nova metodologia cuidadora. Dentre os que se candidatavam aos estudos, tanto àqueles que estudaram comigo nos 21 anos pelo Brasil, como quem se candidatou nos últimos tempos, testemunhei - com exceções - palavras ao vento.  

A maioria dos estudantes ou candidatos, não gosta de estudar. São reféns do seu contexto de vida, suas escolhas, a preguiça intelectual, hipocrisia social, ou do sistema capitalista, que busca transformar tudo em necessidade pecuniária. Assim, preferem cursos que ofereçam “atalhos” para aquisição de um diploma “fácil”.

O que não percebem, no momento desses “estudos”, é que, exatamente por isso, terão dificuldades com a nova profissão. Nesse sentido, podem colocar a responsabilidade na nova abordagem, sem suspeitar que foram cúmplices de uma fraude.    

Aquele abraço,

*hs

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