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domingo, 11 de fevereiro de 2024

Filosofia Clínica Agridoce 20*

 

                                           O hábito faz o monge? 

Nos dias de hoje - mais do que nunca - a Filosofia é necessária. Em meio a tanta Fake News, blefe, distorção, jogo de cena. A impressão que se tem, nas redes sociais, nas ruas, no parlamento, nas famílias, amigos, colegas, é de um faz de conta itinerante. O cinema, a música e o teatro contribuem, na desmedida em que - muitas vezes - exaltam o escracho, o cinismo, o assalto de uma realidade por outra. A lógica predominante é a simulação, o jogo, a manipulação,     

Muita gente posta na internet suas viagens, exibem corpos plastificados, sorrisos e beijos fingidos. A maioria aparenta o que não é. Simulam palavras, gestos, gastam o que tem e o que não tem, para imitar alguém, alguma coisa.

Vivemos dias de uma pandemia de faz de conta. Sua matriz ideológica se esparrama por quase todo lugar. Quem encontra um refúgio, que trate de protegê-lo. As instituições sociais - em sua maioria - estão contaminadas. Pode ser difícil saber quem é quem nos dias de hoje! Quase sempre, o blefe parece ser mais real do que a própria realidade. Essa lógica da imitação alimenta a sociedade do lucro, onde se acena com o corpo perfeito, sorriso perfeito, vida eterna (enquanto dure).    

Aqui papéis existenciais podem confundir o olhar de quem olha e não vê. Atualmente, os desdobramentos da atividade pública e privada reivindicam inúmeras máscaras para se sustentar. Se alguém quiser manter sua integridade na relação com os outros, terá de se arriscar a ser mal interpretado ou, se seu jeito for algo estranho, mas agradável, pode ser copiado, virar moda, na imitação das pessoas ao seu redor. E você? Você terá a visão de um espelho distorcido, numa versão arranhada de si mesmo.

Nesse palco mambembe, os objetos prometem enriquecer os outros integrantes da relação, transformando-os numa extensão de si. Os rituais de consumo se alimentam da hipocrisia social, disseminada - desde cedo - na escola, igreja, família, onde as crianças aprendem mais com os gestos e atitudes dos pais, professores, pastores, do que aquilo que pregam.  

Aqueles que, por força da profissão, conhecem as pessoas (sendo quem são) numa lógica de consultório, onde as máscaras podem cair, modificar, inexistir, pode ser raro encontrar um cotidiano de autenticidade, com gente íntegra consigo mesma e com o mundo. Na ótica das ruas, mesmo com lentes diferenciadas, nem sempre será possível detectar quem é quem.

Nesse sentido, contrariando o dito popular: “o hábito não faz o monge”. Talvez um convívio de maior intimidade das pessoas (consigo mesmas) possa aproximá-las de quem são ou poderiam ser, ainda quando buscam ser o que não são.

Aquele abraço,

*hs

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