Como encontrar um filósofo?
Nesses quase 30 anos de dedicação
integral a Filosofia Clínica, com alunos e partilhantes, você começa a
investigar alguns aspectos desse universo de relações, autogenias, produção
teórica, acolhimentos, intervenções. Percebe, transcreve, estuda os conteúdos
da hora-sessão, sala de aula, instituições, e seus desdobramentos no lado a
lado da interseção.
Um desses pontos de destaque, é a
pessoa singular, a qual descobre e mantém - por algum tempo - uma relação
clínica com o filósofo. Desperta curiosidade saber o que levou uma pessoa a encontrar
a Filosofia Clínica.
Algumas cogitações: a) propensão
da pessoa em ter uma experiência inédita de tratamento, b) estrutura de
pensamento diferenciada, a qual não tolera distorções de sua forma de ser e
existir, mesmo em momentos de crise e caos transformador, c) experiencia
anterior com outras abordagens, d) medida de desespero da família e amigos,
diante da experiência com os psicofármacos e tratamentos de choque da
Psiquiatria e seus coadjuvantes, e) indicação de colegas, amigos, familiares,
que conheceram ou experienciaram a Filosofia Clínica.
Os ingredientes de uma pessoa candidata
a ser partilhante, são tantos e únicos, que precisaríamos de uma enciclopédia
para mapear o que vai aparecendo e, ainda assim, não teríamos uma definição
precisa, visto se tratar de um fenômeno singular, diferenciado, como a
abordagem escolhida.
Existe uma relação de encantamento
ao se ter como companhia, durante algum tempo, uma pessoa que encontra a
Filosofia Clínica e, assim, experiencia facetas de si mesma em relação ao seu
cotidiano. As dialéticas da hora-sessão, é um desses momentos em que a interação
dos envolvidos se apresenta como magia - algo indecifrável por inteiro - ainda
quando se busque dados objetivos para traduzir seus fenômenos.
Nesse sentido, quando precisar de
um porto seguro para seus deslocamentos existenciais, a tendência é encontrar um
terapeuta afinado com essa condição. A resultante dessa escolha pode significar:
momentos agradáveis, desagradáveis, ou nem tanto, dependendo do papel
existencial que se assume: “paciente”, “cliente”, partilhante. Aqui não se trata
- exclusivamente - da metodologia, mas desse algo mais que se abastece
na dinâmica dos encontros. Um fenômeno da alquimia das construções
compartilhadas.
Aquele abraço,
*hs
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